Lembro-me do dia em que a porta de saída se abriu.
Lembro-me das luzes da cidade. Muito vagamente do que foi dito (talvez porque o silêncio não marca). Lembro-me de implorar ao meu pé direito que se comportasse.
Lembro-me das traduções incertas que nunca o deviam ter sido, levando ao "não" e ao "afasta-te", em vez de tudo o resto. Lembro-me das excepções que abri às minhas próprias regras. Lembro-me de lutar, finalmente, por alguma coisa. Lembro de fazer o que não fazia há anos.
Aquilo de que me devia lembrar, e que não consigo; aquilo que teria sido o marco de um final prolongado e passou despercebido; aquilo que me poupava a paciência; era o raio da porta a fechar.
Mas parece que nenhuma porta se fecha com estrondo suficiente,
o Homem do Meio.