Sentei-me em frente à fogueira, enquanto queimava momentos. Ardem por não os aguentar dentro de mim, no fogo que ateei por não os querer fora. Queria-os comigo, como quando ocorreram, mas que fizessem sentido. Que não tivessem o vil temperamento de me destruírem por dentro sempre que algo mos acorda. Queimo-os, um por um, antes que arda eu também.
Assisto enquanto ardem as saudades, e com ela a melancolia; incandescem as imagens e os sentimentos que as legendavam; rebentam em faíscas e fagulhas os pedaços de luxúria que se foram juntando; transformam-se em fumo as palavras que se disseram e não chegaram.
Deixei-me ficar, fechei os olhos e ouvi tudo isto a crepitar juntamente com a lenha, juntamente com o silêncio da noite.
Conheço aqueles passos. Fazem-me sorrir, e não pela primeira vez. Aquela mão no meu ombro aconchega. “Vens?”. Levo a minha à dela.
Sim, vou já,
o Homem do Meio.
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