Estou mudo.
Não por não ter o que dizer, mas por não ter como o dizer. Estou mudo e repito frases porque aquilo que quero realmente dizer só se diz uma vez, e já a usei. Acabaram-se as metáforas, os paninhos quentes, acabou-se o subterfúgio. Aquilo que escrevo é tao cru quanto aquilo que sinto, e por ser meu e nao de outrem, custa-me mostrá-lo, ao mesmo tempo que me sufoca por mante-lo dentro. Dou por mim a retirar do lixo as melhores partes de mim e a achá-las estranhas.
Então, voltamos ao início para descobrir alguém que o diga por mim. Ouço as mesmas palavras há um par de anos, sempre com a sensação que diziam mais do que eu percebia, e afinal era uma questão de perspectiva. Era uma questão de as tornar num jogo de “fill in the blanks“.
E faz todo o sentido.
Porque morria se lá estivesses, e porque morria se não te visse. Porque morro quando olhas e não é para mim. Porque fui o centro e agora sou arredores. Porque odeio tudo isto, e não quero nada de volta, nem mesmo partes dessa vida que vejo de longe. Porque as saudades que tenho são de quem fui contigo. E quero ter-me de volta.
Portanto, não, não acho que vá voltar a Los Angeles.
o Homem do Meio.
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