domingo, 12 de junho de 2011

Fogo

Sentei-me em frente à fogueira, enquanto queimava momentos. Ardem por não os aguentar dentro de mim, no fogo que ateei por não os querer fora. Queria-os comigo, como quando ocorreram, mas que fizessem sentido. Que não tivessem o vil temperamento de me destruírem por dentro sempre que algo mos acorda. Queimo-os, um por um, antes que arda eu também.
Assisto enquanto ardem as saudades, e com ela a melancolia; incandescem as imagens e os sentimentos que as legendavam; rebentam em faíscas e fagulhas os pedaços de luxúria que se foram juntando; transformam-se em fumo as palavras que se disseram e não chegaram.

Deixei-me ficar, fechei os olhos e ouvi tudo isto a crepitar juntamente com a lenha, juntamente com o silêncio da noite.
Conheço aqueles passos. Fazem-me sorrir, e não pela primeira vez. Aquela mão no meu ombro aconchega. “Vens?”. Levo a minha à dela.

Sim, vou já,
o Homem do Meio.

sábado, 11 de junho de 2011

Equilibrium

Para cada acção, existe uma reacção.
Não esperes que o negativo não me irrite, nem que o positivo não me faça sorrir, e eu não tomarei como certo que olhares e sorrisos são em vão, mas talvez que têm o alcance e o significado que lhes quiseres dar.

Para cada libertação, existe uma absorção.
Dir-te-ei o que penso até que valha a pena, e se não fores tu quem absorve as minhas palavras, não faltarão ouvidos que o façam.

O barulho gera barulho. O silêncio provoca silêncio. Para cada dia existe uma noite. É o equilíbrio que nos rege e não o contrário. Um evento significativo não pode ser ignorado. Os telefones não funcionam nos dois sentidos por acaso. As cartas enviadas não tropeçam sozinhas em direcção ao lixo.

Atento ao equilíbrio é o estado natural das coisas. Os cinco foram acordados para que nenhuma acção morra sem assistir à sua reacção respectiva. Os sentidos foram aguçados para que o equilíbrio se mantenha, para que nenhuma noite se veja em branco a pensar o contrário.

Para qualquer acção,
o Homem do Meio.