sábado, 14 de junho de 2014

Dois Minutos

Dá-me dois minutos. Deixa-me só por mais dois minutos.
Eu sei que o meu ego está a sangrar para cima da minha camisa, mas não te preocupes, a ferida sara e a camisa lava-se, agora deixa-me por dois minutos.
Não quero saber que toda a gente esteja a olhar, por mim podes até empoleirar-te em cima de um caixote para apregoares a minha história, mas fá-lo com sossego por dois minutos.
Não me toques, não chores, não grites, não peças ajuda por mim, eu fico bem, hei-de ficar assim que passarem os dois minutos.
Eu sei exactamente o que me deixou assim, e fiz por escolha, então se tem que doer que doa, porque é assim que tem de ser, é sinal que sou humano, nem que seja apenas por dois minutos.
Deixa que doa, deixa que ate a minha mente à volta das minhas feridas, deixa que pense em como elas lá foram parar. Deixa-me racionalizar por dois minutos, deixa que doa por dois minutos e eu fico bem.
Daqui a dois minutos vou-me levantar e andar até casa, ou até ao próximo beco, preparado para mais uma tareia, mas fá-lo-ei consciente.

Deixa-me só descansar os olhos.
Só por dois…só por dois minutos…

Só por dois minutos,
o Homem do Meio.