"Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada.
O meu barco vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala.
Na vertigem da voz
Quando em fim se cala."
Há em mim um eterno romântico. Um eterno romântico que ainda vê velas acesas nos candeeiros da cidade. Que ouve atentamente o silêncio como se de uma palestra se tratasse e que caminha mais devagar quando chega à noite, sempre de mãos nos bolsos enquanto se luta contra a estranheza de não ter o que tocar com elas. Que olha o pôr e o nascer-do-sol como se fosse um primeiro beijo. E que sente a música como uma carícia.
Vergonhas têm-nas aqueles que se dão ao luxo de brincar ao Carnaval durante uma vida. Para todos os outros, há a leveza da definição de espírito e da nudez de subterfúgios e enganos. Onde vida não tarda e apresenta-se sem atrasos.
Há em mim um eterno romântico.
E em vocês, o que é que há?
o Homem do Meio.