Devo ser o maior cliché com pernas deste século. Isso porque, tal como escrito e reescrito em várias narrativas, "não tenho jeito para despedidas". O que dizer? O que raio digo eu para deixar a entidade da qual me despeço com a sensação de que vai fazer falta?
Se calhar começo por relembrar os momentos que passámos juntos. Os quilómetros percorridos. Os saltos partilhados. O voo que nos devolveu o orgulho. Através de terra batida, asfalto, rocha, cimento e, às vezes, até água. Nunca me deixaram mal. Nunca me magoaram. Deram-me força, impulso, coragem, e nunca me fizeram escorregar.
Para aqueles que agora estão confusos, estou a falar de um par de ténis.
o Homem do Meio.