O silêncio podia-se respirar nas ruas daquela pequena vila. Os únicos carros na estrada eram os da polícia, com os sinais luminosos ligados, que procuravam aconselhar pessoas que ali andassem a voltarem para casa e esperarem. À porta das casas, os membros mais velhos de cada família mantinham-se preocupados, ansiosos e expectantes. Perto deles, tinham água, os kits de primeiros socorros, cordas, enfim, qualquer coisa que pudesse servir para ajudar. As suas crianças ficavam na escola até mais tarde, rotina que se repetia há alguns meses. Dentro das salas, faziam jogos, viam desenhos animados, qualquer coisa que os ocupasse. Os bombeiros e enfermeiros, sempre preparados para sair em caso de emergência. Tinham os carros equipados, atestados e de chave na ignição. Os telefones eram quase obrigados a ficarem mudos, condição que apenas seria alterada em circunstâncias muito específicas.
Ao início da estrada via-se um rapaz de bicicleta, que pedalava com toda a força que tinha. À medida que o avistavam as famílias iam-se chegando à beira do passeio, curiosas. O rapaz trazia novidades, boas novidades, que gritava a plenos pulmões e pedia que passassem a palavra. A vila ganhou nova vida, com todos os telefones a tocarem em simultâneo, as famílias que se abraçavam, as crianças na escola que gritavam de alegria, os polícias e bombeiros que ficavam na rua a bater palmas. Era o regressar à normalidade, era o desvanecer das preocupações acumuladas.
O rapaz da bicicleta gritava "Ele está de volta. Passem a palavra. Ele está bem. Ele está de volta."
Para que durmam bem de noite,
o Homem do Meio.