A avenida rodeia-se de grandes edifícios, linhas retas, nomes imponentes. A azáfama que a preenche nas primeiras horas do dia fá-lo também quando ele acaba. O sol desce e o caminho para casa é agora feito com uma calma ilustrativa de um sentimento de dever cumprido, ou talvez cansaço, ou até, quem sabe, uma vontade de demorar por aquelas moradas. A avenida tem disto. De tudo e de nada, para que se lembre quem por ali passa o que é ter e o que é não ter. A avenida mostra um lado talvez irreal de uma cidade que já viveu melhores dias, mas pela qual trabalha para que isso melhore. Mostra o resultado de grandes ideias e por isso incentiva quem por lá passa a tê-las para que o seu nome faça parte de algo maior.
Das primeiras vezes que vi a avenida, foi isto que me veio à cabeça. Mais que um aglomerado de betão e vidro, era um significado. Lembro-me de partilhar conversas enquanto passava por ela, lembro-me de falar sobre o quanto gostava de estar ligado àquele ambiente, lembro-me de sentir um reboliço por dentro que me fez agarrar áquilo que pude para estar cada vez mais perto…
O que me ocupa a mente tem a vontade de empurrar para o lado estes antigos objetivos escritos a sonho. Mas naquele final de tarde, juntamente com a melancolia, a avenida fez-me lembrar as conversas que se tiveram e o gosto por aquele ambiente de inovação e empreendedorismo. Lembrou-me o quanto aprendi. O quando de mim inventei. O quanto de mim descobri.
Hoje em dia caminho diariamente pela avenida.
E a vontade de ficar não mudou,
o Homem do Meio.