Levantou-se devagar depois de dar por si sentado no chão, junto a um dos pilares do parque de estacionamento. Sentia a cabeça a latejar, tonturas e um enjoo sintomático de um possível traumatismo. A boca sabia a sangue, as suas mãos e roupas estavam cobertas dele. Não se lembrava do que o poderia ter levado ali, ou do que o poderia ter deixado naquele estado. Já de pé, as dores de cabeça aumentavam e a sensação de vertigem também. Decidiu caminhar em direcção à luz que emoldurava uma das portas à sua frente. Talvez uma saída, perfeita para ele, que só pensava em poder respirar ar puro. Enquanto caminhava - devagar e aos ésses - percorria com as mãos a sua roupa à procura de algo. Além da carteira completamente vazia, do telemóvel partido (que tinha retirado do chão) e da camisa branca tingida de sangue, sobrava um pequeno objecto preto, brilhante, com algumas saliências e uns quantos botões que se conseguiam distinguir com o toque. Parou de andar. A visão turva não o deixava perceber sequer os seus contornos, e não tinha qualquer recordação de trazer consigo algo parecido.
Aquilo que mais lhe chamava a atenção era um botão em forma de losango, prateado, alinhado ao centro. Sem sequer pensar, resolveu carregar. Que nem uma navalha de ponta e mola, saltou de dentro do tal objecto misterioso uma chave, o que o levou a pensar que seria a chave de um carro. E enquanto se interrogava sobre a origem daquela chave, ao longe, no escuro, ligavam-se dois faróis. Uma ignição, e ligava-se um motor de trabalhar rouco. Com um arranque violento, este carro avançava como um relâmpago em direcção a ele, demasiado fraco para correr para refúgio.
Acordou, lavado em suor, sentado involuntariamente na cama e com a cabeça ainda a latejar. Olha em volta para descobrir que está no seu quarto, onde se deitou faz algumas horas. A sua respiração ofegante acalma.
Na sua mesa de cabeceira descansa a chave que encontrou no sonho. E tal como então, a sua origem continua uma surpresa.
To be continued,
o Homem do Meio.
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