Sente as 11 passarem a 12 enquanto espera. A sua pulsação frenética funde-se com o mover dos ponteiros do relógio de pulso. Na antiga catedral só encontra um banco antigo, tudo o resto foi levado. Os vidrais partidos ilustram o abandono que habita por aquelas paragens.
O mínimo barulho ou ranger de madeira podre traduz-se numa injecção de adrenalina. À sua cintura sente o frio do metal do seu revólver, pronto a ser chamado a agir. Está à espera de algo, a sua agitação sabe-o.
Ao longe ouvem-se disparos. Num estrondo abrem-se as portadas por alguém ter violentamente chocado contra elas. É ela por quem esperava. Mantém-se inerte no centro do salão enquanto tenta perceber o que se passava lá fora, coisa que a luminosidade que de lá vem impossibilita. A rapariga levanta-se, ferida, de arma em punho e coldre na coxa. Atira-lhe um objecto negro com urgência enquanto grita, de lágrimas no rosto: "Corre!". A adrenalina mistura-se com uma mágoa imensa. Instintivamente, vira-se e corre para a porta das traseiras. Ouve-se um disparo. A sua bota força com que a porta se abra.
Acorda. No peito sente um aperto asfixiante. Na mão mantém o objecto negro: a chave.
o Homem do Meio.
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