Digamos que há um corredor. Onde o papel de parede já se descolou e a melancolia, qual humidade, grita mea culpa. Onde a única lâmpada fluorescente que deveria iluminar o espaço se deixou envelhecer (muito por culpa da solidão e da falta de propósito) e agora apenas nos honra com alguns periódicos "flashes". Onde o soalho se torce e retorce, rachado e gasto, de tanta despreocupação que ali pisou, mais ou menos violenta. Com uma porta (esta sim, bem tratada, de madeira escura, envernizada e de entalhes belíssimos) que se mostra, se distingue.
Quando se chega a este corredor, a única coisa que se quer ver é a porta. Renegar o resto, o desastre que a envolve.
Sento-me no chão, contra uma das paredes, e olho à volta. Já se distingue alguma beleza no meio do caos, mas mesmo assim... Voltei a querer reparar tudo o que puder antes da porta se abrir. Eu sou aquele que olha ansiosamente para o destino sem querer apressar a sua chegada.
Eu sou o Homem do Meio. Até um dia.
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