domingo, 15 de novembro de 2009

Caixa de Pandora

A minha tinha tudo aquilo que não queria enfrentar. Forrada com esta máscara feita de piadas, clichés e frases feitas que é agora indiferenciável da minha verdadeira face. Trancada com um cadeado tão conformado quanto eu. E continuava a crescer, com tudo o que me fazia cerrar os dentes e eu ignorava. Ou tentava.

Tinha tudo para ser perfeito. Não fosse uma pequena fuga que me envenenava o ar aos poucos. O veneno entra. Corrói-nos. Transforma-nos. Leva a percepção. A vontade. A linha entre os bons dias e os maus, entre aquilo que gostamos e o que não. E aquele número que costumava ser para o nosso lar agora telefona para uma casa.

Aguentamos. Com esperança que tudo passe. Que um dia, ao acordar, as coisas se resolvam. Porque este sentimento que teima em dizer que tudo corre mal é passageiro. Porque a esperança diz-nos que sim. Enquanto nos faz ignorar tudo o resto.

E numa explosão a caixa é destruída. Tudo aquilo que ela guardava está agora livre. E tudo o que vejo é fumo negro. Resta saber aquilo que sobrou da minha verdadeira face.

Eu sou o Homem do Meio. Até um dia.

2 comentários:

Baltazar disse...

com calma, paciência, uma pitada de bom humor e uma caneca de positivismo...vais ver que nao tarda terás "fumo branco" à vista ;)

Abraços Middles

Miguel Nunes disse...

Já não vinha cá há imenso tempo.
Gosto bastante da forma como escreves

Abraços