quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Até hoje, fui sempre futuro.

"Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Sul
se cruzou com o meu sangue que veio do Norte.
Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Oriente
se cruzou com o meu sangue que veio do Ocidente.
Não foi por acaso nada de quem sou agora.
Em mim se cruzaram finalmente todos os lados da terra.
A Natureza e o Tempo me valeram: séculos e séculos
ansiosos por este resultado um dia
e até hoje fui sempre futuro.
Faço hoje a cidade do Antigo
e agora nasço novo como ao Princípio:
foi a Natureza que me guardou a semente
apesar das épocas e gerações.
Cheguei ao fim do fio da continuidade
e agora sou o que até ao fim fui desejo:
o Centro do Mundo já não é o meio da terra
vai por onde anda a Rosa dos Ventos
vai por onde ela vai
anda por onde ela anda.
Agora chego a cada instante pela primeira vez à vida
já não sou um caso pessoal
mas sim a própria pessoa."

Almada Negreiros - Rosa dos Ventos

Nada mais a acrescentar.

Eu sou o Homem do Meio. Até hoje, fui sempre futuro. Até um dia.

2 comentários:

Anónimo disse...

espectacular

Brutus

Maudie Esperanza disse...

Almada Negreiros... um senhor!
Gosto do novo look do teu blog. Gosto do castanho. Faz lembrar chocolate. Aliás, arrisco-me a dizer que todo este blog se assemelha a uma fatia de bolo mármore.
Gosto da praia.