domingo, 28 de março de 2010

Depois de escrever isto, a National Geographic vai querer contratar-me.

Andam nas mesmas ruas que nós. Respiram no nosso ombro, mesmo sem sabermos. Partilhamos um dia a dia, sem noção, nem mínima, de quem são. Mas a sua paixão denuncia-os. O seu amor por um símbolo torna-os, não perigosos, mas cegos, imprudentes. Podemos escutar, no pico do seu êxtase, entre grunhidos, a palavra "BENFICA", se estivermos atentos o suficiente.
Convivemos com eles, os ditos benfiquistas, de forma pacífica. São tão perigosos como qualquer um de nós...EXCEPTO em dia de jogo.
Depois de um jogo, tornam-se daltónicos. Semáforos perdem significado. Não interessa se podem ser atropelados ou não. Só alguns conseguem chamar-lhes a atenção e furar por entre o aglomerado de gente.  Principalmente se vierem depressa e não mostrem intenções de parar. Uma tonelada a passar por cima dos "adeptos do clube da Luz" não significaria nada, não no dia em que o seu clube joga. Não no dia em que conseguiu uma vitória. E chega a ser tocante a maneira como um evento desta natureza os transforma. A maneira como alguns deles perdem a compaixão pelos seres da sua própria espécie, e gritam coisas do género "ISSO, SALTA PARA A FRENTE DO CARRO! ANORMAL!". Perturbador.
E demora a passar. Durante horas a sua única forma de comunicação são parcas palavras. "AH GRANDE BENFAS!", "CARREGA!!", "BENFIIIICA!". Assustador, no mínimo.

Deste dia de observação temos bastantes conclusões a retirar.
Nunca se aproximem das imediações da sua "sede" em dia de jogo.
Se o fizerem levem carro. Pesado. Um limpa-neves será adequado.
Caso não o arranjem, coloquem-se atrás de um condutor com o pé pesado e não o larguem. É a única maneira de transpor a manada.
Preparem-se para o pior.

Não percam o próximo episódio, onde iremos falar da importância do arame farpado no cultivo da batata doce.

Até um dia,
o Homem do Meio.

1 comentário:

M.A. disse...

Não te admito que me incluas nessa espécie. Eu era simpatizante. Até ser trocada pela mesma. Agora era vê-los a todos num capô. (escreve-se capô???) Anyway, antes fazer patinagem artística com uma saia da barbie que ter um cachecol desses enrolado ao pescoço. Desses ou de outro clube qualquer que faça o meu namorado inventar trabalhos da faculdade no estádio da luz.